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Comportamento 

Vamos falar sobre preconceito?

Preconceito é ignorância. O termo vem de ignorar, que significa não saber, não conhecer. Quando não conhecemos, formamos opiniões e elas são provenientes de nossa história, de conhecimentos prévios (ou a falta destes), de opiniões alheias e de vários outros fatores.

Segundo a psicóloga Lucia Moyses, há diversos tipos de preconceitos. Contra raças, contra preferências sexuais, contra religiões, contra tudo. Pessoas brigam no facebook e desfazem amizades se alguém tiver uma preferência política, religiosa ou sexual contrária à delas. Mas o preconceito é uma ignorância. O que nos define não é nossa religião, nossa tendência sexual, partido político, cor, raça ou sexo. Aqui, podemos ser brancos, mas nos Estados Unidos somos latinos. Podemos exercer nosso preconceito, mas quando viajamos para outro país, sofremos na pele o preconceito também.

Lucia afirma que “se achar superior ao outro é egocentrismo. Crianças são egocêntricas. Adultos deveriam agir como seres inteligentes e lógicos. Alguém realmente acha que a cor da pele ou a preferência sexual interfere em nossas funções primordiais, como a cognição, a personalidade, a capacidade de julgamento, a inteligência ou o caráter? Algumas raças têm predisposição para determinados distúrbios. Isto é fato. Mas somos muito mais do que incapacidades físicas. Somos capazes de tomar decisão, de controlar nossos impulsos, de julgar situações, de resolver problemas, de analisar fatos. Nossa capacidade mental independe de raça, credo ou sexo. Crianças malnutridas, brancas, negras ou amarelas, correm o risco de ter algumas funções cognitivas alteradas. A genética, em católicos, protestantes, espíritas ou budistas pode ser igualmente benéfica ou maléfica. No final das contas, quem realmente decide é a sociedade com suas injustiças e seus padrões diferenciados. Crianças que tiram notas ruins em provas são vítimas de preconceitos. São burras, dizem. No entanto, podem ser ótimas dançarinas, músicas, artistas, escritoras, enxadristas. No entanto, basta ir mal em uma prova de matemática que ficam estigmatizadas pelo resto da vida como burras”.

Todos nós queremos nos destacar, ser diferentes. Mas podemos, realmente, ser diferentes? O adolescente precisa pertencer a um grupo. Precisa ser aceito. Então, viramos adultos e nada muda. Queremos ser diferentes, mas abominamos o diferente. Mulher bêbada é um horror. Homem que chora é afeminado. As mensagens são claras. Não se destaque. Não seja diferente. Siga a boiada. Seja igual a todo mundo. Ninguém quer pagar o preço de se destacar. E há, sim, um preço muito alto. Se quisermos escapar às críticas, basta ficarmos na sombra e não nos destacarmos em absolutamente nada. Quanto mais você se levanta, maior a chance de se tornar um alvo.

Qual é o caminho, então, para eliminar o preconceito? A psicóloga diz que a resposta é “acabar com a ignorância. Conheça o seu vizinho, o seu colega de trabalho. Converse, saia de seu casulo. Julgar é fácil. Olhar as aparências é fácil. Veja além. Observe com profundidade. Ninguém é melhor do que ninguém. Os diferentes também são iguais. E os iguais também são diferentes. Não tenha medo. Aprofunde-se. Não se conforte em crenças construídas há muito tempo e que não são suas. Seja melhor. Todos nós somos maravilhosamente iguais e diferentes. Aceitemos as diferenças, pois são elas que nos fazem crescer. E, no fundo, somos todos iguais. Carentes de amor, de saúde, de afeto e de aceitação”.

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