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Comportamento 

Como driblar a autossabotagem

Em esportes de alto rendimento, quando o time ou o atleta perdem uma competição, mesmo tendo sido bem preparados e teoricamente melhores que seus adversários, costuma-se dizer que eles “perderam para si mesmos”. Possuíam todas as condições para triunfar e sucumbiram. Algo semelhante acontece com todas nós: a falha no momento derradeiro, a realização de uma tarefa de um modo completamente diferente daquilo que foi planejado. Esse padrão de comportamento é chamado de autossabotagem.
Robson Hamuche, terapeuta transpessoal, explica que se autossabotar é ter o desejo intenso de ser bem-sucedida e feliz, mas, ao mesmo tempo, comportar-se de uma maneira que impeça o êxito em sua intenção. A autossabotagem pode ter como causa a falta de autoestima e de autoconfiança. Em razão dessas características, a pessoa apresenta dificuldades em gerenciar suas experiências emocionais cotidianas, reagindo a eventos, circunstâncias e pessoas de um jeito que impossibilitam o alcance do sucesso pessoal e profissional. A pessoa passa a ter mais chances de fracassar quando colocada em situações de estresse ou de expectativa elevada. Diante de tarefas consideradas como de grande importância, ela acaba por prejudicar a si mesma. A pessoa se sente incapaz de realizar tal atividade e, na iminência do fracasso, se entrega ao comportamento de autossabotagem como meio de lidar com a situação.
Para quebrar o ciclo vicioso da autossabotagem, recomenda-se que a pessoa tome ciência de suas limitações e responsabilize-se por seus atos. Apenas dessa maneira é possível ir além, substituindo crenças limitantes por crenças possibilitadoras. Um modo de trazer à tona bloqueios mentais inconscientes, que geram o medo de situações novas e desafiadoras, é através de ações que promovam a conexão da pessoa com seu ser: meditação, limpeza de pensamentos e emoções negativas, afirmações positivas.
Muito importante para que a mudança se torne possível é a resiliência psicológica, entendida como a capacidade do indivíduo de adaptar-se a mudanças, superar, resistir a situações adversas. Além de pensar positivamente, acreditar que conseguirá ser bem-sucedida naquilo que se propõe, é preciso agir de maneira perseverante nas circunstâncias mais delicadas. Ser resiliente é resistir a frustrações, fortalecer-se mentalmente, para evitar a autossabotagem diante de cenários desafiadores.
Não se deve esquecer a influência do outro no mecanismo de autossabotagem. Ao aprender a dizer “sim” a si mesma, tornando mais vigorosa a autoconfiança, você deve simultaneamente aprender a dizer “não” às pessoas que desejam semear dúvidas, influenciando negativamente a sua missão. A vaidade, ou seja, a preocupação em agradar o outro, é um grande empecilho em momentos de decisão, pois afasta o indivíduo daquilo que ele acredita ser o mais correto a fazer a fim de alcançar o objetivo proposto.
“Você consegue identificar uma mentira que conta para si mesma? Reflita sobre como ela atrapalha sua vida. Reflita como sua autossabotagem funciona”, diz Hamuche. Cercado por medos, afundado em frustrações ocasionadas pela autossabotagem, não é de se estranhar que o indivíduo tenha cada vez mais sua autoestima e autoconfiança diminuídas. Para mitigar o sofrimento, Hamuche sugere que você pense em algo pelo qual se pune frequentemente por não conseguir fazer da maneira que gostaria. “Exercite o autoperdão”.
Para evitar a hesitação que pode levar ao erro, Hamuche incentiva o cultivo de certezas e energia positiva. “Hoje coloque dentro de você o sentimento de confiança. O universo conspira a seu favor sempre. Comece algo que você está adiando há tempos. Não tenha medo de ser uma iniciante”.
A importância do planejamento para que as ações saiam do campo das ideias e se concretizem de maneira bem-sucedida também é enfatizada pelo terapeuta. “Você já tem um plano de vida claro e definido? Não? Então, coloque no papel seu desejo de alma e permita que seu corpo o realize”. Para saber o que ainda impede você de agir, Hamuche sugere que você escreva todas as desculpas que costuma dar para que os planos não sejam colocados em prática e as metas não se concretizem.
“Coloque-se em primeiro lugar. Diante da indecisão, existe uma tendência de sermos consumidas pelos diversos questionamentos sobre o que os outros vão pensar”, afirma Hamuche. Identifique as pessoas tóxicas ao redor e tente encontrar maneiras de neutralizar o efeito causado por elas. Especificamente sobre pensamentos nocivos, o terapeuta recomenda: “Exclua essas expressões da sua vida: ‘Que inferno!’, ‘Parece que isto não acaba mais ‘. ‘Desgraça atrai desgraça’ e ‘Se melhorar, estraga’. E qualquer outra metáfora que atraia negatividade”.

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